Não era a primeira vez que eu participava de um confronto, apesar de ser moleque treinado, eu tinha os meus medos e agora o meu medo maior era pela Summer que estava comigo, nada podia acontecer com ela.
— Dona Ju fica com a minha mina, ela tá muito machucada — falo sentindo a adrenalina percorrer o meu corpo, o suor descia já10
— Eu cuido dela, se cuida meu filho
— Vão para o quarto e fiquem lá abaixadas
Dou um beijo na testa da Summer e saio correndo metralhando os filhos da puta, agora meu incentivo era maior.
Meu coração batia num ritmo descompensado, meu corpo suava e a minha mente se dividia na loirinha e na favela.
— É TUDO NOSSO, NADA DELES —meu radinho apita e os fogos estralam no céu
Desço da laje dando de cara com o polegar saindo de trás de uma lata de lixo bêbado, me sobe uma raiva, todos estavam se matando para defender a droga desse morro enquanto o filho da puta se escondia com medo.
— Essa favela é minha — ele berra batendo no peito
— Era sua
Dou um tiro que acerta bem na testa dele. Eu disse que essa favela ia ser minha se ele continuasse vacilando.
— Favela tem novo dono agora, quero que limpem essa porra, os nossos que morreram na luta, quero que tenha um enterro digno — passo o radinho
Fiz o que tinha que fazer, não me arrependo de nada do que fiz, das pessoas que matei, das famílias que destruir, a vida no crime é assim. Criminoso bom é aquele que não tem sentimentos.
Coloco a arma nas costas e vou na casa da dona Ju, pegar a minha loira.
— Luan graças a Deus você está bem, a garota acordou com dores, dei um analgésico e ela voltou a dormir
— Valeu dona Ju, se precisar, já sabe né...
Pego a Summer no colo e a levo para a minha casa.
Fico um tempo velando o sono da Sami lembrando de antigamente, a vida era difícil mas com ela tudo ficava mais fácil, a gente se divertia muito, conversava...
— Se vai babar pega um balde
— Que?
Saio dos meus devaneios ao escutar a voz dela
— Você tava me olhando, quase babando — ela se ajeita na cama se sentando — Parece que eu levei uma surra
— Parece não, tu levou — vou até ela verificando se estava tudo bem
— Você tá diferente — ela passa a mão pela minha bochecha — Luan, eu tinha certeza que tinha passado por alguém conhecido ontem
— Achei que tinha esquecido dos pobres
Luan me entrega o celular dele e depois de descrever a Sophia ele sai falando alguma coisa em uma espécie de radinho. Ligo para a vadia e no sexto telefonema ela atende
— Porra Sophia, cadê você?
— Amiga desculpa, sai do baile mais cedo com um cara, aí rolou uma invasão e fiquei por aqui na casa dele, mas já estou indo
— Você fodendo e eu aqui preocupada
Ela fala algumas coisas mas paro de prestar atenção quando o Luan entra no quarto só com uma toalha enrolada na cintura, mostrando as várias tatuagens que tinha em seu abdômen além de um belo tanquinho. PQP
Acho que foi que não mudei em nada, fito a toalha querendo muito que ela caia, não sou pervertida, só queria dá uma conferida no material.
— Sami deixei uma roupa para você no banheiro, tem toalha, essas coisas, eu só preciso da um pulo na boca mas volto daqui a pouco
— Claro
Desligo a chamada e entrego o telefone dele. Luan virou o meu tipo total magro definido, tatuagens, o jeito cafajeste de falar...
Para Summer, ele é só o seu amigo. Meu subconsciente me alerta, além do mais eu duvido que o Luan esteja solteiro e eu também estou tendo algo com o André, então nem rola, somos amigos e ponto.
Tomo um banho rápido, me enxugo e visto uma camisa e uma cueca dele, ponho o meu short que parecia limpo e escovo os meus dentes com a escova dele mesmo, que se foda bactérias, um dia só não faz mal.
Já estava até me sentindo em casa, faço um sanduíche e fico vendo o noticiário para saber o que tinha acontecido ontem e de primeira aparece a foto do Luan ou melhor LL, a mulher dizia que ele agora era o novo comandante da Rocinha e que a polícia ia cair encima e tals.
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