Manuela.
Três dias depois...
Esses últimos dias foram bem difíceis para mim e também bem confusos. Ir para escola e fingir que estava tudo bem era o pior pra mim e para piorar a situação, Lya estava desconfiada de algo.
Eu estava tentando ser mais sociável mas toda vez que eu achava que estava bem vinha toda aquela cena na minha mente me fazendo querer sumir. Nesse últimos dias também me peguei fazendo carinho na barriga durante uma crise forte de ansiedade e não querendo ser clichê ou algo do tipo, isso me ajudou bastante.
Ainda estava sendo novo para mim essa coisa da gravidez, eu sabia que fazia dois meses mas eu havia aceitado essa ideia a dias e aos poucos creio eu que iria criando um vínculo. Como eu passava a maior parte do dia trancada no quarto eu ficava conversando com a barriga, me achava estranha por isso mas eu tinha visto na internet que isso ajudava e era bom fazer.
Ainda não tinha falado com Diego em relação a isso do bebê e sabia que era um assunto que cabia a ele ficar por dentro já que era filho dele também. Mas eu tinha tomado uma decisão nesses dias que passaram e estava a espera de um momento bom, que eu estivesse melhor e esse dia era hoje.
Nós estávamos a caminho do hospital, eu tinha marcado minha primeira consulta no pré natal. Estava um pouco nervosa, eu tinha decidido ser mãe de uma hora para outra no meio do caos que eu estava vivendo. Eu não sabia direito o que tinha acontecido aquela noite, no momento em que Gabriel se referiu ao bebê como aberração me despertou um sentimento estranho e uma raiva junto.
Ele não tinha culpa de um erro meu, ele não tinha culpa de nada nessa história e não aceitava que alguém se referisse a ele desse forma.
Durante o caminho eu e Diego trocamos poucas palavras e estava um clima chato entre nós. Chegamos na clínica meia hora depois e eu entrei primeiro para fazer a ficha e ser chamada logo. Fiz o que tinha que fazer e fiquei no aguardo da doutora que ficaria responsável pelo meu pré natal.
Uns minutos depois ela me chamou e Diego ficou me esperando na salinha já que ele não podia entrar.
— Manuela Herrera, certo? — assenti sorrindo — Mãe de primeira viagem?
— Sim.
A doutora se chamava Fernanda, ela me examinou e depois me encheu de perguntas. Como seria a primeira consulta apenas me passou uma série de exames de emergência, pelo tempo da ultra que eu tinha feito, o bebê estava prestes a completar três meses e ela tinha que saber se eu tinha alguma anomalia o quanto antes para o bem do bebê.
Como eu não estava me alimentando bem ela passou umas vitaminas para eu tomar todos os dias e pediu para que eu me estressasse menos para evitar dores no pé da barriga e tonturas após eu dizer uns sintomas que eu havia sentido nesses quase três meses.
Depois do meu quase aborto espontâneo eu fiquei mais propícia a isso e qualquer excesso de estresse poderia colocar a minha vida e a do bebê em risco.
A médica conversou bastante comigo, me explicou vária coisas importantes e o essencial para qualquer gestante, seja ela de primeira viagem ou não. Minha próxima consulta seria apenas no mês seguinte, que já estava próximo. A consulta acabou e eu saí da sala segurando um monte de papéis na mão, eram a solicitação de exames e após sair da sala fui direto na recepção marcá-los.
Após agendar todos os exames pedidos pela médica, realizei o pagamento da consulta e demos partida. A volta foi nada diferente que a ida, os dois em total silêncio e esse gelo só seria quebrado após chegar no apartamento de Diego.
Como meu pai não havia bloqueado meu cartão ainda pedi para que Diego parrase no sacolão para eu comprar umas frutas, não estava realizando as refeições como devia e na maioria das vezes ficava a maior parte do dia sem comer absolutamente nada.
Comments
The readers' comments on the novel: NÓS