Manuela.
Eu estava nervosa, estava escutando uma discussão vindo lá de fora. Um dos capangas do Gael entrou segurando uma pistola na mão, me pegou pelo braço e foi me guiando em direção a porta.
— Pra onde está me levando? — choraminguei.
Pra fora do galpão dava para um terreno aparentemente abandonado, tinha algumas peças e ferros espalhados, todo o local parecia ter sido um fábrica no passado. Algumas partes tanto na parede quanto no chão eram queimadas, tinha também entulhos e sacos de lixos por toda parte.
Esse galpão parecia ficar no meio do nada, não se via uma casa por perto e o que iluminava ali eram os faróis do carro.
— Vamos, não temos tempo a perder aqui — ouvi a voz de Gael.
— Pra onde vocês estão me levando? — perguntei desesperada.
— Calada — um homem alto, forte e vestido em uma calça jeans clara e uma blusa preta colocou uma fita em minha boca.
Comecei a me debater, todo meu corpo doía muito e estava sentindo uma cólica fraca. Mas não podia deixar que Gael me levasse, havia dois carros parados em frente ao galpão, um deles estavam com a mala aberta provavelmente na minha espera. O capanga de Gael me levou segurando pelo braço até no carro, me jogou na mala e a fechou.
Eu chorava muito, minhas lágrimas desciam sem controle, minha vida tinha acabado ali e o pesadelo que eu achava que tinha vivido todos esses meses, tinha começado ali e agora. O porta malas foi aberto, era Gael, ele me pegou pelo pescoço me deixando cara a cara com ele.
— Nós vamos embora — sentia sua respiração sobre meu rosto — agora só vai ser eu, você e o nosso filho — riu. Senti nojo dele naquele momento.
Um barulho de cirene tomou conta do silêncio, Gael me jogou de volta pra dentro do porta malas e o fechou. O que estava acontecendo? Era a polícia?
Eu não conseguia escutar nada além das cirenes e das portas do carro sem batidas. Pedia a Deus que fosse uma salvação, que me libertasse desse pesadelo que eu estava passando e que não me deixasse passar minha vida ao lado de Gael.
Eu preferia morrer.
A cólica aumentava a cada minuto, eu gemia de dor, nunca tinha sentido isso antes e era insuportável. Um dos homens abriram a mala, me puxaram pelo braço e foram me puxando até o Gael. O olhei com lágrimas nos olhos, eu não sabia o que ele ia fazer comigo e eu temia pelo pior.
— Está vendo o que você fez, sua vagabunda — ele estava nervoso, tirou a fita da minha boca e puxou um revólver da cintura.
Gael envolveu seu braço sobre meu pescoço e apontou a arma destravada pra minha cabeça. Seus capangas abriram o portão de ferro do galpão onde eu fiquei e em frente ao mesmo estavam os carros da PM e do BOPE parados na frente do mesmo.
— Solte a refém e coloque a arma no chão — o policial ordenou pelo microfone.
— Se atirarem eu vou matar ela — Gael gritou.
— Ninguém vai atirar, por favor, solte a refém e coloque a arma no chão — o policial ordenou novamente.
— Abaixem as armas — Gael atirou para o alto.
Minha respiração estava ofegante, eu estava nervosa, meu corpo estava trêmulo e a cólica não passava de jeito algum. Quase meia hora depois, os policiais ainda tentavam conversar com Gael, tentavam negociar com o mesmo mas era quase impossível.
— Gael, por favor, escuta eles — disse em prantos — não acaba com sua vida desse jeito.
— Cala a boca, porra — gritou.
Do nada, uns disparos foram ouvidos, dois dos capangas de Gael caíram no chão e o os outros três foram algemados. Gael foi perdendo as forças aos poucos, ainda de pé atirou para todos os lados e após cair no chão formando uma poça de sangue eu corri pra fora do galpão.
— Manuela — Diego gritou e veio correndo na minha direção.
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