Manuela.
Hoje o dia estava lindo, o céu azulzinho com as nuvens branquinhas. Domingou, estava no tédio em casa, sem nada pra fazer e infelizmente com as malditas palavras de Diego na mente.
Acho que desde quando ele falou eu não tirei da cabeça, não havia entendido o que ele quis dizer, se era o que eu estava pensando ou não. Ontem nós não tocamos mais no assunto, ele foi embora com os meninos e ficou por isso mesmo, não fiz muita questão.
Eu estava longe de querer entender Diego.
Tinha chamado Caio para vir pra cá hoje depois de ter enrolado ele a semana toda por estar sem clima, nosso lance era bom, eu gostava de estar com ele mas esse semana eu estava sem clima nenhum e sem vontade nenhuma.
Fiz um macarrão ao molho branco pra mim no almoço com o auxílio da receita na internet e tinha ficado uma delícia, aos poucos eu ia me descobrindo na cozinha e parando de queimar 99% das coisas que eu fazia. Fique vendo desenho a tarde inteira fazendo carinho na barriga, conversei no grupo do colégio e mexi em outras redes sociais. Decidi postar uma foto que eu tinha tirado hoje mais cedo no Instagram, fazia tempos que eu não postava nada.
E a auto-estima hoje estava colaborando para isso.
Quando deu seis da noite fui tomar um banho, vesti uma short jeans cintura baixa, uma blusa de manga da Holister rosa e deixei meu cabelo solto. Caio estava vindo, passei hidratante e perfume e fiquei o esperando na sala mexendo no telefone. Depois de meia hora ele chegou, abri o portão para o mesmo e nem falamos nada, ele já chegou me beijando e eu retribui o beijo.
Que homem cheiroso e gostoso da porra.
— Saudades, loirinha — riu de lado após terminar o beijo com dois selinhos.
— Também estava — sorri — Vem, entra.
Nós entramos, ele se sentou no sofá na sala e eu fui pegar água pra ele.
— Então agora você mora sozinha? — perguntou após eu voltar pra sala e entregar o copo d'água.
— É — me joguei no sofá — moro só agora — suspirei.
Nós conversamos um pouco antes de começar a pegação, no sofá mesmo sem restrições. Ele me beijava com vontade, alisava e apertava minha coxa, tinha tudo pra mim perder o juízo e sentar neste homem mas Diego não saia da minha cabeça, as palavras dele não saiam da minha cabeça.
Eu tentava pensar em outra coisa, aproveitar o momento mas era um esforço em vão, Diego não saia da minha cabeça. Eu não estava me entendendo.
— Vou fazer alguma coisa pra gente comer — parei o beijo, levantei rápido do sofá e fui direto pra cozinha.
Não esperei ele responder, apoiei as duas mãos na pia e abaixei a cabeça. Eu estava ofegante, tentando entender o que estava acontecendo comigo e porque eu estava pensando tanto em Diego.
— Fiz algo de errado? — Caio apareceu na cozinha com um semblante sério.
— Na-não — gaguejei — Está tudo bem — me aproximei e entrelaçei meus braços em volta do seu pescoço selando nossos lábios.
Caio me olhou incrédulo, ele não tinha acreditado no que tinha acabado de ouvir e isso me partia o coração. Diego me olhava com o semblante fechado, com o maxilar marcado e toda aquela cara de quem estava morrendo de raiva por dentro. Uma lágrima escorreu, eu limpei rápido e olhei pra Caio, que ainda estava sem entender nada.
Ele pegou suas chaves na mesinha de centro e saiu sem dizer nada. Corri atrás dele, o segurei pela mão e nesse momento não duvidaria que teria os fofoqueiros de plantão na janela vendo toda essa cena melodramática.
— Deixa eu te explicar — ele deu três passos pra trás e balançou a cabeça negativamente — não é nada disso que você está pensando, eu e Diego não temos nada.
— Você está grávida dele, como pode dizer que vocês não tem nada? — me olhou com os olhos brilhando.
— É uma longa história, deixa eu te explicar — pedi.
— Seja lá o que vocês forem, eu não quero saber — enxugou as lágrimas — se cuida, Manuela e parabéns pelo bebê.
Caio andou até seu carro em passos largos, entrou no mesmo e arrancou com tudo. Voltei pra casa enxugando as lágrimas, mais uma pessoa magoada por causa da bagunça da minha vida tinha se tornado. Fechei o portão, Diego estava no mesmo lugar, me olhou e não disse nada. Por que ele tinha que vir aqui hoje?
— Vai embora, Diego — apontei para ao portão fungando — eu não sei o que você veio fazer aqui hoje, mas por favor vai embora — desabei — me deixa em paz — disse entre soluços.
Ele parou na minha frente, olhou no fundo dos meus olhos, olhou para lado e assentiu saindo, me deixando só. Eu me tranquei no quarto, chorei rios, chorei de soluçar, até dormir.
Eram dias como este que me faziam querer que nada disso tivesse acontecido.
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