Bom dia com muito ziriguidum porque hoje é carnaval caralho.
Acordei animada, pra mim essa época era a melhor do ano tirando o ano novo, que eu também gostava demais. Sempre tinha bagunça e muita bebida envolvida.
Eram dez da manhã, tomei uma ducha demorada, lavei meu cabelo e sai do box com duas toalhas, uma no corpo e uma na cabeça. Escovei meus dentes e passei uma máscara de skincare, dava pra fritar um ovo de tão oleoso que meu rosto estava esses últimos dias.
Sério, estava bizarro.
Sequei meu cabelo com o secador e tirei a máscara que já estava seca, joguei água gelada no rosto e sai do banheiro. Vesti meu biquíni tomara que caia branco e um shortinho jeans. Passei uma base no rosto e um rímel, antes de sair e ir de encontro com os meninos passei perfume e hidrante.
Cheirosa sempre, né.
Mandei mensagem pra Gabriel e o mesmo respondeu que eles estavam tomando café da manhã. Enquanto ia a encontro dos mesmos cumprimentei com um sorriso algumas pessoas que passavam por mim, diferente de ontem hoje o hotel estava bem mais movimentado.
— Chegou o dragão — Alex estava com voz de sono e mexia no celular.
—Bom dia para você também, Alex — dei um beijo na cabeça de Gabriel que estava comendo bolo.
— Bom dia, mana — sorriu.
Fui me servir e fiquei maravilhada quando vi a mesa de café da manhã do hotel, era enorme e tinha tudo o que podia imaginar. Minha fome era de três mendigos e cinco evangélicos, a draga que habitava dentro de mim agradecia por uma mesa dessas. Peguei bolo de cenoura e bolo de banana, alguns tipos de salgados e um suco de laranja. Voltei pra mesa e eles estavam discutindo o que nós iríamos fazer hoje.
— Eu apoio ficar no hotel até dar o horário do bloco — Victor enfiou uma empadinha na boca.
— Por mim tanto faz — disse de boca cheia.
— Colocou a mesa do café toda ai no prato, né? Misericórdia, jesus tem poder — Gabriel arregalou os olhos.
— Nem envolve Jesus nessa, é melhor — Victor falou.
Dei língua para os dois.
— Vamos fazer trilha, eu vi uma que é só quinze minutos andando — rolamos os olhos.
Diego não se mancava nunca?
— Cinco minutos de trilha eu vou estar durinho no chão morto, esquece Diego — Gabriel balançou a cabeça negativamente — Tenho muito o que viver ainda.
Ficamos até eu terminar de tomar meu café tentando decidir algo para no final resolvermos ficar no hotel mesmo. Passei no quarto antes pra escovar os dentes e depois de já escovado fui pra piscina. O dia estava lindo, bem quente, merecia mesmo um mergulho. Quando cheguei os meninos estavam no barzinho bebendo como o esperado, pedi um drink e me sentei com eles.
— Vocês vão sair de que hoje? — Victor perguntou bebendo seu Whisky com gelo.
— Sereia — fiz biquinho e coloquei a mão em baixo do queixo.
— Cuidado pra não confundirem o rabo de sereia com o de piranha, hein — dei um tapa do braço de Gabriel. Idiota.
Meu drink chegou e eu agradeci o garçom que sorriu amigavelmente. Estava delicioso, nem dava para sentir o gosto do álcool direito.
— Vou de Diego mesmo — se gabou — Tem fantasia melhor que essa?
— Se fosse halloween você iria arrasar — pisquei e ele rolou os olhos — Relaxa que no carnaval também é valido.
Eles não me respeitavam.
Victor estava com um short tactel de estampa florida e um arco de flores na cabeça, gay demais. O menos paparicado era Diego, que estava com uma bermuda jeans branca e um cordão de flores em volta do pescoço. Nunca tinha visto sua tatuagem na costela, era uma frase mas não dava pra ver o que estava escrito direito.
— Limpa a baba, pirralha —passou por mim e lançou um sorriso debochado.
O ignorei, não iria me estressar com Diego e acabar com meu primeiro dia de carnaval por causa das graças dele. Os meninos chamaram dois táxi para nos levar até o centro, já que eles iriam beber, ir de carro não era uma boa ideia. O motorista nos deixou um pouco antes do centro porque ele estava fechado, os carros não passavam mais por causa do bloco. Gabriel pagou e nós saímos, mesmo distante da folia o clima de carnaval já estava no ar, algumas pessoas bebendo, outras já bêbadas e a mistura de músicas que cada passo que você dava era um gênero diferente.
Eu amava tudo isso.
Andamos uns dez minutos até chegar no centro de Angra, ainda estava rolando a concentração e eu já comecei a dançar as músicas que tocava. Victor e Diego foram pegar bebidas para nós em um depósito próximo e ficou eu, Gabriel e Alex esperando eles voltarem. As meninas passavam e só faltava se jogar no pé deles. Elas eram cegas?
— O pai é irresistível, não tem como — Gabriel deu um sorriso e eu balancei a cabeça negativamente.
— Você acha mesmo que elas olharam para você? — Alex cruzou os braços.
— Óbvio —bufou.
Os dois ficaram discutindo igual duas crianças sobre pra quem as meninas que passaram olhando. Era cansativo demais esses garotos. Logo Diego e Victor voltaram com as cervejas e nós fomos para o meio do bloco, onde estava entupido de gente e quase que não dava para andar. Se não for pra ficar no meio do tumulto, eu nem vou.
Esse carnaval estava a cara do erro.
Tinha tudo certo para dar errado e eu nem gostava, não é mesmo?
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