Diego.
Todo mundo já estava bêbado, principalmente Manuela, que parecia que nunca tinha visto bebida na vida e misturava a porra toda. Eu era o único sóbrio, diferente deles quando eu vejo que estou ficando ruim eu paro imediatamente.
Não posso nem sonhar em ficar bêbado, não mesmo.
— Você tá tão xoxado, Diguete — Gabriel apertou minha bochecha e eu virei a cara.
— Se manca — ri.
Do grupo eu era o mais centrado, os meninos eram bem mais porra louca do que eu e nem precisava de carnaval para isso. Eu sabia que meu jeito as vezes deixava a desejar mas não era sim porque queria, era meio que uma obrigação.
E querendo ou não, era melhor pra todo mundo aqui.
Nesse carnaval eu estava tranquilo, não estava querendo ficar com ninguém, algumas meninas até tentavam algo mas eu falava logo que era casado e elas me deixavam em paz.
O que é fácil não me interessa, eu gosto do difícil.
Estávamos perto de um carro de som que tocava funk estrondosamente, apesar de não gostar muito eu fiquei dançando com o pessoal.
— A Dora aventureira dançando funk? — Victor ficou surpreso e eu o dei o dedo médio.
— O mundo tá acabando mesmo — Alex balançou a cabeça negativamente.
Esses garotos eram muito idiotas.
Esse ano o que estava no auge era fantasia de diabinho e girassol, parecia o jardim do inferno.
O carnaval em Angra estava sendo bom, com certeza mil vezes melhor que em São Paulo, eu não gostava muito do carnaval de lá. Começaram a gritar "beija" do nada, algumas pessoas estavam sem entender o que estava acontecendo. Eu olhei na direção dos gritos e era Manuela.
— Caralho, é a loirinha — Victor apontou rindo e Gabriel rolou os olhos.
— Eu não quero ver isso — Gabriel fechou os olhos e fez cada de nojo.
Eu apenas ri, optei por não falar nada, aliás, não me importava. Ela voltou pra onde nós estávamos e os garotos começaram a zoar ela.
— A cara dela de sonsa — Alex falou rindo — Um pingo de dignidade.
— Você ainda acha que tem moral pra falar de dignidade? — ela arqueou a sobrancelha e colocou a mão na cintura.
— Foi a pior coisa que eu já vi na minha vida — Manuela tentou dar um beijo no rosto de Gabriel mas o mesmo esquivou.
— Foi o primeiro beijo dela, tá bom? Respeitem — deu um tapa no braço de Victor que riu.
Rolou de tudo, teve trenzinho, vira-vira, tocou milhares de músicas e com isso, nem sentimos a hora passar. Quando foi lá para as três nós decidimos ir embora, ainda rolava a bagunça mas se fossemos embora um pouquinho mais tarde eles iriam sair daqui carregados. O ruim de não beber muito é que você tem que cuidar dos que enche a cara. Não gostava muito disso mas relevava, porque já dei muito trabalho para as pessoas e quem mais me ajudou foram eles.
Eu devia muito a esses pé de cana.
— Eu amo vocês — Gabriel parou no meio da rua — Vocês estão aqui, ó — colocou a mão no coração.
Melhor coisa de um bêbado é quando ele fica sentimental.
Manuela mal aguentava andar, ia para um lado e para o outro, tinha dado perda total. Ela estava parada no meio da rua de cabeça baixa, não sei o que ela estava fazendo mas a cena era muito engraçada. Cheguei no lado dela e a segurei pelo braço, ela resmungou até o táxi chegar.
— Eu não preciso da sua ajuda pra entrar no carro — bufou e entrou no mesmo.
Até bêbada essa garota era marrenta.
Chegamos no hotel quinze minutos depois, os meninos saíram do carro quase caindo um por cima do outro. Paguei a corrida e sai do carro. Passei pela recepção e cumprimentei o recepcionista que me retribuiu um sorriso amigável.
— Beijos na boca, Dora aventureira — Alex me mandou um beijo no ar antes de fechar a porta do quarto e eu dei o dedo médio.
Manuela ainda estava na luta, mal conseguia andar mas estava recusando ajuda.
— Quer ajuda? — ri. Eu estava atrás dela, só observando o jeito que ela toda hora quase caia de cara no chão.
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