Manuela.
Ontem Gabriel chegou tarde em comparação aos horários que ele chega da empresa e eu agradeci pois como já estava dormindo não tive que dar satisfações do que tinha acontecido comigo. Sobre a gravidez eu ainda estava em choque apesar de não confiar muito nesses testes de farmácia. Eu iria fazer uma ultra essa semana pra ter certeza se estava ou não, Diego iria marcar pra mim mas sabe quando você tem certeza de algo e não quer acreditar?
Era eu a todo momento.
Eram seis e quarenta da manhã, mega atrasada óbvio mas eu estava sentindo um sono fora do comum que nem ouvi o celular despertar. Levantei e tomei um banho rápido, sai do mesmo secando meu corpo e escovando os dentes. Peguei uma maça na fruteira antes de sair, já que não ia tomar meu café da manhã reforçado como de costume então resolvi comer uma fruta pra pelo menos não ficar de estômago vazio. No caminho para o colégio eu pensei em diversas formas como contar a suspeita de gravidez para Lya e Naty, apesar de não ter certeza absoluta da mesma eu não gostava de esconder nada delas e também não conseguia.
Toda vez que ia fazer alguma surpresa era um inferno porque eu sempre contava antes e estragava tudo.
Acho que é por isso que ninguém não me conta mais nada quando vão fazer surpresas, no início até fiquei triste mas depois vi que realmente não dava pra contar pra mim.
Achei melhor contar só depois da ultrassonografia, até porque eu também não tinha total certeza de nada e apenas um teste de farmácia me confirmava isso. E se não fosse verdade estava tudo certo mas se fosse eu ainda não sabia qual decisão iria tomar, se iria ter ou não. De qualquer forma é melhor deixar todos fora disso por enquanto.
Cheguei no colégio dez para as oito e agradeci mentalmente por não levar nenhum sermão de algum coordenador daqui. Entrei na sala e a professora de português passava a matéria no quadro e eu tratei de caçar logo um lugar para me sentar. Mandei um beijo no ar para as meninas que estavam um pouco distantes de mim e em seguida abri meu caderno.
Deus, se for da sua vontade eu já estou pronta pra ser muito rica sem esforço nenhum, esse negócio de estudar igual uma condenada primeiro cansa muito.
Prestei atenção nas aulas até eu começar a sentir um enjoo horrível, pedi ao professor educadamente, sem ninguém desconfiar pra sair de sala, sempre evitando ao máximo que meu nome fosse parar na boca do povo, qualquer motivo era motivo ainda mais quando se tratava de mim.
Estava querendo ficar longe de mais problemas.
Após vomitar levantei-me do chão e apertei a descarga. Encostei-me na porta e respirei fundo. Tentei não pensar que tudo batia e fazia um enorme sentido, desde a menstruação atrasada, os enjoos e tonturas que eu comecei sentir de uma hora para outra nesse último mês. Sai do banheiro e me apoiei na pia jogando uma água no rosto. Tratei de voltar pra sala antes que todo mundo desconfiasse da minha demora, faltava muito pouco para o intervalo, era eu voltar pra sala e em menos de dez minutos ter que sair de novo.
Agradeci mentalmente quando entrei na sala e todos da mesma estavam prestando atenção na explicação da matéria. Assim que o segundo sinal bateu todos saíram de sala rumo ao pátio assim como eu junto as meninas.
— Tu foi no médico ver isso, piranha? — balancei a cabeça negativamente bebericando meu suco — As vezes eu vou ser tia e não sei.
— Não viaja — ri fraco.
— Será que é Manuela a mamãe do ano? — dei um tapa no braço de Naty — Aí, doeu.
— Vocês estão delirando — bufei.
Graças a Deus os meninos chegaram fazendo mudar o assunto, me controlava ao máximo pra não falar que tinha feito o teste mas minha cara quando falavam sobre gravidez deixava a desejar. Meu lanche foi um suco de manga apenas, preferi não comer nada já que os enjoos não deixavam nada parar no meu estômago.
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