Entrei no carro e não aguentei, desabei. Eu não estava acreditando no que estava acontecendo, eu não podia ser mãe agora, isso ia jogar meus planos todos por água abaixo. Diego me puxou para um abraço e eu molhei sua blusa com minhas lágrimas, eu chorava de soluçar.
Igual criança.
— Se acalma, vai fazer mal pra você e para o bebê — dizia baixo e passando a mão nos meus cabelos lentamente.
— Eu não posso o ter, Diego — disse entre soluços — Não da, não posso — funguei.
— Isso é uma decisão muito séria, Manuela — desfez o abraço e me olhou — Se acalma primeiro.
Talvez Diego não estava me entendendo, eu já tinha tomado minha decisão a muito tempo, eu não iria ter esse bebê e não estava nem aí se essa decisão parecia egoísta. Eu tinha um futuro pela frente, eu queria cursar faculdade, ser independente primeiro pra depois pensar em ser mãe.
Eu não podia ter um filho de um cara que eu mal conhecia e não tinha nenhum vínculo. Que estrutura isso ia ter? Nenhuma.
Diego deu partida e mesmo ele puxando assunto durante o caminho pra me distrair eu não conseguia para de pensar no bebê, o que ia ser de mim, enfim, em tudo.
Minha cabeça estava a mil.
Paramos em um restaurante e mesmo eu dizendo que não queria comer ele me forçou.
Não tinha comido nada o dia inteiro, era questão de tempo pra eu começar a passar mal.
Ele pediu frango com legumes para nós dois e uns vinte minutos depois a comida chegou. Pedi um suco de maracujá pra mim e Diego pediu um refrigerante pra ele. Com Diego no meu encalço eu teria que comer toda comida se não ele enfiaria pela minha goela abaixo.
— Está mais calma? — bebericou sua coca me olhando.
— Não sei — sorri fraco — Diego, eu não quero esse bebê — choraminguei.
Diego abriu a boca diversas vezes tentando falar algo mas não saia nada. Eu sabia que talvez essa seria uma decisão egoísta e que eu estivesse pensando só e mim mas eu queria ser mãe agora, não queria ter esse bebê. O que eu podia fazer?
Nós almoçamos e depois Diego me deixou em casa, eu só queria dormir e nunca mais acordar. Antes de colocar o envelope da ultra em cima da mesinha do meu quarto eu o abri e fiquei por uns segundos olhando para o mesmo. Saber que eu estava gerando uma vida dentro de mim era o maior susto que eu poderia ter tomado na vida. A cada minuto que passava eu ficava mais decidida sobre o aborto, sabia que era uma coisa muito séria e estava ciente do risco que corria.
Deixei as folhas em cima da mesa e fui tomar um banho, eu estava precisando. A água fria caia sobre meu corpo me fazendo relaxar. Fiquei quase horas de baixo do chuveiro, alguém nesse prédio hoje iria ficar sem água.
Perdoa, Deus.
Eram três horas da tarde, me sentei no sofá e escolhi um filme, queria distrair a mente e o que tinha pra hoje era isso. Assisti um total de uns três filmes durante toda a tarde e por volta das seis horas Gabriel chegou da faculdade.
— Aí que susto, loira oxigenada — fechou a porta.
— Se manca — rolei os olhos — Chegou cedo — arqueei a sobrancelha.
— Tenho um compromisso hoje — dei um sorriso de lado.
— Me poupa dos detalhes, Gabriel — bufei — mais um vitima, coitada — fiz beicinho — É deficiente visual?
— Seu mal é inveja — gritou do corredor e eu ri.
Como podia ser tão sem noção, não é?
Fiquei vendo filme e acabei adormecendo no sofá, quando o sono vinha era impossível lutar contra ele.
E eu não fazia o mínimo de esforço.
...
Acordei umas oito horas cheia de dor nas costas, tinha dormido de mal jeito e ainda por cima no sofá. Peguei meu celular que estava na mesinha de centro e tinha algumas mensagens e duas delas eram de Caio.
Mensagem on.
Caio
Fala aí, loirinha
Ta de bobeira hoje?
Eu
E ai, to sim
Caio
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