— Meu Deus, meu sonho de três pernas acabou de passar na minha frente — Lya disse baixo e nós rolamos os olhos.
Já tínhamos perdido as contas de quantos garotos Lya tinha falado nessa praia.
Não podia ver um homem.
— Não tem bombeiro que apague esse teu fogo no rabo — balancei a cabeça negativamente.
— Você é a santa, né — assenti sorrindo — Só se for a santa do pau louco— coloquei a mão no peito fingindo estar ofendida e nós rimos.
Hoje era sexta-feira e eu as meninas de decidimos vim a praia. O pai de Naty tinha uma apê no recreio, ele deu a chave do mesmo pra ela e nós viemos sem pensar duas vezes depois da escola. Não havia contado sobre a gravidez pra elas e não pretendia por agora.
Quanto menos gente soubesse, melhor.
— Vai na festa da Mariah amanhã, Manu? — Naty guardou o celular na bolsa e me olhou.
— Não sei.
— A para Manuela, desde quando você perde uma festa? — Lya exclamou e eu ri.
— Desde quando é da Mariah, vocês sabem o povo que vai, eu quero distância — suspirei.
— Vamos, Manuzinha — fizeram voz de bebê — Por favor.
Elas me encheram tanto o saco que eu acabei cedendo a ideia de ir a festa. Eu não ia mais as festas do povo do colégio desde o acontecimento com o Gael, toda festa acontecia a mesma coisa, eu era sempre o assunto e alvo de piada.
Mesmo não ligando mais para comentários alheios e tacando o foda-se pra quem falava de mim eu preferia evitar certos lugares.
Priorizando a saúde mental sempre.
Eu e as meninas pedimos peixe para o almoço e almoçamos no restaurante em frente a praia. Nós fizemos amizade com um pessoal que estava jogando vôlei e jogamos junto a eles antes de ir embora.
Foi um desastre total mas essa a parte a gente pula.
Eu estava adorando o dia, estava sendo um distração total pra mim e por um momento eu esqueci dos problemas que me rodeavam. Como era bem pertinho voltamos a pé para o apartamento do pai de Naty, só queria tirar o sal do corpo e relaxar.
— Estou exausta — Lya se jogou no sofá e suspirou.
— Pode levantando do meu sofá com esse rabo todo sujo de areia — Naty a puxou e a mesma fez cara feia.
— Fui humilhada — fez beicinho e eu ri.
O apartamento era bem grande, tinha dois quartos com suítes, cozinha americana, a sala era enorme e ainda tinha uma varanda maravilhosa que dava pra ver a praia no final da rua. Nós tomamos banho e por volta das seis horas fomos ao mercado comprar alguma coisa pra gente comer.
— Minha dieta foi pra casa do caralho — Naty apertou o botão do térreo no elevador.
— Se você emagrecer mais, você some — rimos.
— Estou com fome — reclamei.
— Quando você não está, Manuela? — rolei os olhos e rimos — Dragão dos infernos — rimos.
Fomos em um mercado perto do apartamento da Naty, compramos doces e biscoitos. Já havia uma semana que eu não estava comendo direito, comia besteira na maioria das vezes e quando comia, por causa dos enjoos eu evitava mesmo não adiantando muito.
No final das contas eu colocava pra fora do mesmo jeito.
— Eu tenho certeza que aquele menino do caixa deu em cima de mim — Lya cochichou.
— Pelo o amor de Deus — dissemos em uníssono e rolamos os olhos.
— Ah, para. Ele é gatinho.
A noite foi maravilhosa, além do que compramos ainda pedimos pizza. Vimos vários filmes, dançamos e choramos com cenas tristes de filmes. Comi de tudo e mais um pouco e pelo milagre de Jesus não tive nenhum enjoo, só algumas tonturas mas foram leves e as minhas não perceberam.
Eu nunca me distrai tanto como hoje, foi um dia maravilhoso pra mim. Nós dormimos todas no sofá, como era grande, dormimos confortavelmente.
Só o ronco da Lya que atrapalhou.
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