Acordei com o despertador praticamente no meu ouvido, não precisei de muito pra quase ficar surda. Enrolei uns minutos na cama e depois levantei para realizar minhas higienes matinais. Tomei uma ducha demorada, lavei o cabelo e sai do banheiro com uma toalha enrolada no corpo e a outra enxugando o cabelo.
Vesti minha calcinha e sutiã, passei hidratante no corpo e vesti meu uniforme. Sai do quarto apagando as luzes e fechando a porta, fiz meu desejum rápido e me mandei para escola. Estava ansiosa e nervosa para mais tarde, eu oficialmente iria morar sozinha e era algo novo para mim, a partir de hoje seria somente eu e o meu bebê.
Cheguei na escola por volta das sete e dez, encontrei o pessoal no pátio e enquanto o sinal não batia nós revisamos algumas matérias só para desencargo de consciência.
— Já falou para o senhor encrenca sobre hoje? — Lya me perguntou enquanto guardava o caderno na mochila.
— Não e nem vou, é melhor pra ele assim — suspirei.
— Você e suas decisões malucas — riu.
Subimos para sala e logo o professor aplicou as provas. Quem havia aplicado era um professor de outro ano, não ligava para nada e obviamente a metade da turma colou na cara de pau. Por volta das nove eu deixei a sala, tinha certeza que tinha feito uma boa prova pois pela graça de Deus só havia caído matéria fácil e não muita questão discursiva.
Só Deus sabia o ódio que eu tinha de ''justifique sua resposta''.
Sentei no pátio para esperar o pessoal como de costume, respondi algumas mensagens e aproveitei que a lanchonete não estava cheia para comprar um lanche. Eu estava tomando as vitaminas passada pelo doutora do pré-natal todos os dias a tarde e a noite, odiava o gosto das mesmas e no início foi uma grande luta, o copo mal chegava na boca e eu colocava tudo para fora. Estava ansiosa para a próxima consulta, queria ver o bebê e saber se estava tudo bem, todo cuidado era pouco e isso martelava na minha cabeça todo santo dia. Depois de um tempo Lya e Natália desceram juntas, ambas conversando e logo se juntaram a mim no banco.
— Hoje é o dia que você vira independente? — Naty disse após se sentar e colocar a mochila no colo.
— ''Independente'' — fiz aspas com o dedo e nós rimos.
A única que sabia de tudo era Lya, não havia contado para Naty sobre a gravidez e tudo que tinha rolado, na verdade, não havia contado nem para os meninos. Apesar de ter aceitado tudo isso e ''encarado da melhor forma'', eu ainda poderia esconder e evitar o máximo de envolver mais pessoas nessa bagunça toda. Eu e as meninas ficando conversando até o meninos chegarem e se juntarem a nós também, sentou conosco algumas outras pessoas de outras turmas e ficamos conversando a sobre a prova até irmos embora.
— Hoje é o dia de ser burro de carga? — dei um tapa no braço de Pedro — Ai — fez careta — falei mentira?
— É um pena, porque vocês são obrigados a me ajudar com a mudança hoje— mandei um beijo no ar.
— Iala — Gusta disse — Manuela, você não tem nem altura pra ser abusada desse jeito — dei o dedo médio.
— Vamos jogar o armário em cima dela, gnomo do caralho — Lya disse dando um tapa na minha bunda — Tanajura.
— Hoje vocês tiraram o dia para me insultar, não é? — rolei os olhos.
Lá para as onze e pouca fui embora já que tinha que terminar de ajeitar algumas coisas na casa de Diego. Ainda era cedo, mas eu estava apreensiva com tudo isso, era um novo ciclo na minha vida, eu teria que ser mais madura para muitas coisas a partir de em diante e eu rezei muito para que hoje chegasse mas no fundo eu sabia que queria que demorasse a chegar. Vai entender, né!?
Hoje o dia estava sendo colaborável, tinha ido bem nas provas que tinha feito, estava me sentindo bem, nada de fome descontrolada e enjoos e o mais importante, o trânsito estava uma beleza então com isso cheguei ao prédio de Diego mais rápido do que o costume. No ônibus tinha um menino de pele clara, cabelos e olhos escuros, vestido num moletom cinza me encarando, ele veio o caminho todo me olhando e mesmo eu olhando de volta, o mesmo não para de olhar. As vezes o mesmo digitava algo no telefone e voltava a me encarar, fui agoniada o caminho todo e quando desci no ponto agradeci mentalmente.
Como eu odiava esses caras que pareciam nunca ter visto mulher na vida.
Abri a porta e o apartamento de Diego e estava um repleto silêncio, aparentemente o mesmo não estava em casa ou estava dormindo, o que eu achava difícil. Joguei minha mochila no chão do quarto e corri para o banheiro, os enjoos e tonturas haviam reduzido mas o xixi a cada dia parecia que ficava pior e eu estava quase convencida de que algum dia desses eu iria mijar nas calças. Tomei um banho e vesti um vestidinho solto, penteei o cabelo e quando sai do banheiro fui ajeitar o resto das minhas coisas. Depois do almoço deitei e fiquei mexendo no celular até pegar no sono, tinha marcado com o pessoal quatro horas então dava tempo de tirar um soninho antes.
***
Acordei antes do celular despertar, meu cabelo estava todo ondulado por ter dormido com o mesmo preso e estava a coisa mais linda. Joguei uma água no rosto e passei uma maquiagem leve pra disfarçar a cara de derrotada. Peguei o celular e era três e vinte, juntei as malas num canto e mandei mensagem para a mocinha perguntando onde ele estava, atraso era com ele mesmo então antes de tudo, já o apressei. Uns vinte dez minutos depois o mesmo avisou que estava lá embaixo, peguei as malas e abri a porta do quarto dando de cara com Diego.
— Quanta tralha — me olhou de cima a baixo e riu debochadamente — já está indo, hóspede? — riu — que coisa feia, nem avisou para o amigo.
— Nossa, nem imagino que te contou — falei sarcástica indo para sala segurando as malas.
— Bom — terminou de beber a água — pelo menos alguém tem consideração — piscou.
Eu estava fervendo em ódio, nem Judas tinha sido tão falso. Nós descemos, Diego estava com um sorriso debochado no rosto a alegria dele era me ver perder para ele e graças a aquele idiota, ele havia consigo isto. Alex estava parado em frente ao prédio e quando o vi fechei ainda mais a cara, fazendo o mesmo se fazer de sonso e mandar um coração com a mão de longe para mim e eu o retribui com o dedo médio.
— Traiçoeiro — resmunguei ao entrar no carro.
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