Eram seis da noite, Caio dormia tranquilamente agarrado em minha cintura, ele era a coisa mais linda dormindo que dava até pena de acordar. Me levantei silenciosamente, catei minha roupa que estava pelo chão e fui em direção ao banheiro tomar uma ducha.
Eu e Caio tínhamos passado o dia juntos e tinha sigo maravilhoso. Depois do almoço ficamos agarradinhos no sofá assistindo televisão e passamos a tarde toda transando. Era estranho como eu não sentia vergonha do meu corpo com ele, tive medo de que ele percebesse minha barriga mas graças a Deus isso não aconteceu.
Passei desodorante e hidratante de Caio que estava no banheiro e vesti minha roupa. Antes de deixar seu quarto despejei um beijo na sua testa e ajeitei a coberta em seu corpo. Desci as escadas em silêncio e peguei minha mochila que estava em cima do sofá e meu telefone que estava em cima da bancada da cozinha.
Pedi um Uber e fiquei esperando em frente ao condomínio de Caio, a rua estava escura e deserta e só não me cagava mais de ficar ali esperando por conta do porteiro que estava próximo a mim. Depois de uns dez minutos um carro prata parou na minha frente, chequei no aplicativo se a placa batia com a do carro e entrei no mesmo.
— Boa noite — disse educadamente e o motorista sorriu.
Mexi no celular o caminho todo, respondi algumas mensagens e me atualizei em outras redes sociais já que fazia um tempinho que não entrava. Sem querer entrei na caixa de mensagens do telefone, havia milhares que eu nem me dava o trabalho de ver mas uma recente, de um número desconhecido chamou a minha atenção.
Apertei na mesma desconfiada, ela era recente, olhei a data e era a mesma a de hoje. Li a mensagem que era apenas uma frase, não havia entendido a da mesma, fiquei encarando o telefone minutos até o motorista tirar minha atenção puxando um assunto qualquer após parar no sinal.
— Dia ruim, senhorita? — olhou pra mim pelo retrovisor.
— Não — ri fraco — pelo menos esse não — sussurrei pra mim mesma.
— Hoje o trânsito está colaborando com meu dia — sorrimos — é muito cansativo, não vejo a hora de chegar em casa e ver meus filhos.
— O senhor tem filhos? — perguntei e ajeitei minha mochila no colo.
— Sim, três — disse sorrindo — eles são minha vida — sorri.
Parei de pensar na tal mensagem, provavelmente seria alguma pessoa que deveria ter mandado errado e eu estava com zero cabeça pra me preocupar com isso então deixei para lá. Durante o caminho fui conversando com o motorista, seu nome era Jorge, trabalhava na Uber poucas meses por necessidade, havia perdido o emprego e sua única fonte de renda no momento estava sendo rodar de carro pra lá e pra cá. Ele me falou de sua família, de seus filhos e até mostrou umas fotos que havia na carteira e eles eram as coisas mais lindas.
Depois de uns quarenta minutos Jorge parou em frente ao prédio de Diego, paguei o mesmo e sai do carro o agradecendo. O porteiro que já me conhecia destravou o portão para que eu pudesse entrar, o cumprimentei e fui em direção ao elevador. Havia uma menina de cabelos escuros, segurando uma bolsa de lado, vestindo uma calça jeans justa e uma regata esperando o elevador também e assim que o mesmo chegou nós entramos juntas.
— Você está bem? — perguntou enquanto lavava a louça.
— Sim — bocejei — tô cansada, boa noite — sorri e fui para o quarto.
Diego não sabia da mudança amanhã e antes que eu abrisse a boca, sai logo. Estudei até as duas da manhã, depois disso arrumei algumas coisas na mala e só deixei meu uniforme e a mochila do colégio para amanhã. Ficava com o coração apertado de não poder contar para Diego que amanhã eu estaria me mudando, poderia parecer ingratidão mas no fundo eu sabia que ele achava que tudo isso era apenas um delírio meu.
Mas não era.
Estava evitando problemas, para o bem dele, para o meu e o para o mais importante, o bebê. Peguei no sono fazendo carinho na barriga, eu estava super cansada e amanhã era dia.
Era o dia!
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