Tinha mandado a localização para Diego fazia meia hora. Eu estava sentada no vaso ainda com cólica, a dor era tanta que eu estava começando a ficar tonta e perdendo as forças. Bateram na porta e eu ignorei, deveria ser mais alguém da festa querendo ir no banheiro. Ninguém podia me ver nessa situação.
- Manuela, abre essa porta - reconheci a voz, era Diego. Como ele sabia que eu estava aqui?
Me levantei com dificuldade e caminhei a até a porta para destrancá-la. Diego estava vestindo uma bermuda jeans e um casaco preto de marca. Assim que entrou me analisou com os olhos arregalados, com um olhar preocupado.
- Manuela, você está pálida - me analisou.
- Como você sabia que eu estava aqui? - o olhei.
- Segui a localização que você me mandou - guardou o celular no bolso.
O sangue começou a escorrer pelas minhas pernas, a tontura tomou conta do corpo e Diego me segurou para que eu não caísse.
- Me tira daqui - choraminguei - Está doendo muito.
Ele colocou seu casaco em mim e com um papel limpou o sangue que tinha escorrido pela minhas pernas. Diego me guiou até seu carro e eu rezava para que ninguém tivesse percebido nada. Me ajeitei no banco e fiquei com as pernas entreaberta.
- Vou te levar para o hospital - assenti e ele ligou o carro dando partida.
A cólica diminuía e aumentava, soava frio e estava toda trêmula. Diego chamava meu nome e sua voz ia ficando cada vez mais distante, minha visão parecia estar em câmera lenta e do nada eu apaguei.
..
Abri meus olhos lentamente até minha vista se acostumar com a claridade. Eu estava deitada em uma poltrona com soro na veia e não fazia a mínima ideia de como tinha vindo parar aqui.
Não lembrava mais de nada depois que eu apaguei, só alguns flash mas pouca coisa.
Diego adentrou ao quarto e estava com um café expresso nas mãos. Ele se sentou na poltrona ao meu lado e passou as mãos pelo cabelo.
- Está melhor? - perguntou e bebericou seu café. Apenas assenti e dei um sorriso torto.
Depois de uns dez minutos a médica apareceu com uma prancheta na mão e me olhou dando um sorriso amigável.
- Manuela herrera? - assenti - Como você está se sentindo?
- Bem, obrigada - me ajeitei na poltrona e sorri.
- Você é muito forte e deu uma grande sorte - sorriu.
- Por que, doutora? - perguntei com a voz falha.
- Com base no resultado do seu exame de sangue - Analisou os papéis - Você ingeriu bebidas alcoólicas e drogas. Por causa disso você quase sofreu um aborto, por muito pouco você não perdeu o bebê e coloca sua vida em risco.
Eu fiquei em choque, não sabia o que falar e me senti a pior pessoa do mundo.
- Você ficará mais algumas horinhas aqui em observação e depois irá ser liberada - sorriu.
- O bebê está be-bem? - gaguejei, senti uma pressão no peito e um nó na garganta.
- Sim, está - verificou o soro - Você irá precisar ficar de repouso uns dias, está bem? - assenti.
A médica me explicou mais algumas coisas e saiu deixando somente eu e Diego na sala.
Depois de um tempo que eu me toquei que ela provavelmente estaria falando do Diego e ri.
Nunca que eu namoraria esse garoto.
Levantei e me ajeitei, ainda estava com o vestido da festa e o casaco de Diego. Prendi meu cabelo num coque e em passos lentos fui em direção a porta. Diego estava me esperando no corredor e em silêncio, nós fomos até o carro.
O caminho inteiro foi puro silêncio, um clima chato e eu dei graças a Deus quando chegamos no meu prédio.
- Obrigada - o agradeci e sai do carro.
Diego não disse nada, apenas deu partida. Eu estava cansada e sedenta por um banho. Abri a porta e tudo estava um total silêncio, Gabriel não deveria estar em casa ou estaria dormindo.
Deixei meu salto no canto da sala e joguei minhas coisas no sofá mesmo. E fui sem fazer barulho algum até meu quarto, entrei no mesmo e fui direto para o banheiro tomar uma banho, estava louca pra tirar essa roupa e esse cheiro de álcool de mim.
Enquanto a água caia sobre meu corpo eu pensava sobre tudo, minha mente estava a milhão. Pensei muito sobre o que Diego tinha me falado mais cedo, na minha vida, em tudo.
Tudo estava uma bagunça e eu precisava colocar minha vida em ordem novamente. Eu não queria mais viver na indecisão, na incerteza.
E muito menos na mentira.
Sai do banho com uma toalha enrolada no corpo e a outra enxugando o cabelo. Meu celular estava lotado de mensagens, algumas delas eram do pessoal perguntando o que tinha acontecido comigo, o porque tinha ido embora do nada e eu menti, claro.
Eram seis da manhã quase sete, coloquei um pijama e deitei na minha cama puxando a coberta para meu corpo. Deixei meu telefone carregando e me aconcheguei, não havia nada melhor que chegar em casa após um dia turbulento.
A paz que eu gostava.
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