Manuela.
Mais um dia de luta.
Eram nove horas da manhã, faltava poucos minutos para bater o segundo sinal e sermos liberamos para o intervalo. A aula era de Literatura, parecia a eternidade, eu já tinha dormido umas três vezes e acordado e nada que acabava.
Era incrível como a aula de exatas me deixava completamente elétrica e a de humanas me deixava completamente lerda.
— Amiga, você está com um cara péssima — Lya sussurrou.
— Eu sei — bocejei — Cara de sono, eu estou morrendo.
— Eu iria dizer cara de mãe mas já que você insiste — dei o dedo médio e ela riu.
O sinal bateu e nós saímos da sala rumo ao pátio. Encontramos Pedro e Gusta no meio do trajeto, ocupamos um banco todo e ficamos conversando sobre as provas que seriam, infelizmente, já não próxima semana.
— A tortura irá começar — Natália enfiou um biscoito na boca e rolou os olhos.
— Essa semana nós temos que fazer amizades com os nerds pra na hora da prova garantir o dez — Lya disse rindo.
— Que horror — franzi a testa.
— Quem divide multiplica, piranha — dei um tapa em seu braço.
— Você tá muito pilantra, Lya — Gusta balançou a cabeça negativamente — adorei a ideia.
— Sou visionária, baby — mandou um beijo no ar.
Hoje o tempo não estava nem frio e nem calor, eu estava quase morrendo de casaco mas usar um moletom cobria total minha barriga e por ser largo, escondia bem já que a mesma estava pontudinha.
Sabia que uma hora ou outra todo mundo iria saber, que a barriga não ia ficar pequena pra sempre mas esse momento não precisava ser agora.
Quanto menos meu nome ficasse na boca desse povo da escola, melhor.
A discussão de ontem com Diego não saia da minha cabeça, toda hora batia flashes e flashes. Eu não conseguia parar de pensar no que ele disse para mim, as palavras passavam na minha cabeça e por mais que eu tentasse, eu não conseguia esquecer.
Não dava a mínima para o que ele dizia ou achava mas isso insistia em martelar na minha cabeça.
Ficamos conversando como de costume até o intervalo acabar e voltarmos para a sala. A próxima aula seria de Matemática, eu estava tentando dar o meu melhor no colégio mesmo que as vezes o esforço fosse em vão, eu ainda tinha uma meta a ser cumprida e não podia me esquecer disso.
...
As aulas passaram bem rápido, depois da de Matemática tive mais dois tempos de Português e fomos liberados.
— Vocês são insuportáveis com isso — Lya rolou os olhos.
— Ah para, vocês fazem um casal bonitinho — disse rindo.
— Tá na minha hora, vocês são chatos demais — Pedro se despediu de nós com um toque.
— Não aguenta a pressão — Gusta balançou a cabeça negativamente — Será que é paixão?
— Tá na minha hora também — Lya se levantou e colocou uma alça da mochila no ombro.
Eu, Gusta e Natália olhamos para os dois com os olhos serrados e com um sorrisinho no rosto. O jeito que eles não sabiam disfarçar era diferente.
— Só Deus sabe o que vai rolar nesse trajeto — Natália riu.
— Nem Deus quer saber — me deram o dedo médio e eu mandei um beijo no ar.
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