Manuela.
O final de semana passou rápido, passei a manhã de domingo com Caio na casa dele já que havia dormido lá e tinha sido maravilhoso. Infelizmente a realidade da vida tinha voltado e com tudo, estava agilizando minha mudança e também me dedicando para as provas bimestrais.
Era somente uma Manuela mas estava dando o melhor de mim, me dividindo em várias para dar conta de tudo.
Durante a semana anterior já tinha resolvido quase setenta porcento da mudança, tinha visto um caminhão, tinha pago para pessoas desmontarem algumas coisas minhas em meu quarto e mesmo não pedindo, o pessoal se prontificou em me ajudar com a mudança.
O bom foi que eu nem precisei obrigar ou subornar eles.
A sala de aula estava em um repleto silêncio, no corredor só havia funcionários do colégio passando pra lá e pra cá e o que tomava conta da sala de aula era o barulho do ar condicionado. Hoje a prova era de português e inglês, estava na última questão de Português praticamente quebrando a cabeça para responder, não tinha estudado tanto assim para essa matéria mas prestar atenção em algumas aulas era o que talvez teria me salvado hoje.
Fiquei quase vinte minutos da questão tentando formular uma reposta para a mesma e depois de pensar bastante em diversas possibilidades de repostas, a fiz, entreguei as duas provas para o professor e sai de sala. Fora da mesma fiquei rindo sozinha da Lya, antes de sair da sala dei uma olhadinha rápida para ela que estava olhando para a prova com um olhar apavoroso, parecia que estava vendo um monstro em sua frente.
Para quem conhece a peça, sabia que era só mais uma prova que ela não teria estudado nada e provavelmente iria entregar em branco. Eu admirava muito a coragem da Lya de fazer uma loucura dessas sem medo algum da reprovação.
Na cantina da escola, pedi um sanduíche natural e suco de manga, estava morrendo de fome e o olho grande foi tanto que acabei cedendo e pedindo uma coxinha também, eu amava a coxinha do colégio e fazia um tempo que não a comia, toda vez que eu tentava eu colocava pra fora no mesmo instante.
Fiz meu lanche sentada em um das mesas que havia no pátio, tinha poucas pessoas, as poucos iam descendo e seria provavelmente pessoas que teriam acabado a prova assim como eu. Lá para as dez horas Lya, Gusta e Pedro desceram juntos conversando enquanto eu, devorava minha sexta barrinha de cereal.
Hoje eu estava o dragão em pessoa.
— Passou um rato aqui? — Gusta fez uma careta ao ver os pacotinhos das barrinhas abertos da mesa.
— Ratazana, né? — Lya se sentou e colocou a mochila sobre as pernas — Ou Camundongo também, ela se encaixa mais nesse — dei o dedo médio.
— Bom dia pra vocês também — rolaram os olhos — O que acharam da prova? — enfiei a barrinha toda na boca.
— Uma merda — Gusta bufou.
— As primeiras questão estavam difíceis e as últimas pareciam as primeiras — gargalhei. Pedro esfregava as têmporas de um modo engraçado que me fazia rir mais ainda.
Ficou um silêncio entre nós, claramente estávamos tensos, apesar de ser uma das primeiras provas era o nosso último ano e tínhamos que dar o nosso melhor.
— Eu achei fácil — se ajeitou na cadeira.
— Lya, você fez quantas questões? — perguntei para a mesma com a sobrancelha arqueada.
Nunca que Lya, em sã consciência, acharia uma prova fácil.
— Fiz ela toda, ué.
Eu, Gusta e Pedro nos entreolhamos com a testa franzida, sem acredita no que tínhamos acabado de escutar.
— Lya...— dissemos juntos encarando a mesma que nos olhava com cara de tédio.
— Tá bom, tá bom — rendeu-se — fiz três questões, estão satisfeitos agora? — bufou.
— Mas a prova tinha dez questões — Pedro franziu a testa.
— E eu tenho cinco dedos em cada mão, quer ver uma delas parar na sua cara igual H-five? — rimos.
Pouco tempo depois Natália chegou, ela sempre era a última a sair das provas e também a que sempre tirava nota boa, oito pra ela era como se fosse um cinco, chorava e tudo.
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