Manuela.
1 mês e meio depois.
Já estava mais que convencida de que eu não seria uma grávida com barrigão pois já estava com quase sete meses e eu estava parecendo um peixinho de vala. A cada dia que passava eu me sentia mais conectada com meu bebê, conversava com ele todo dia, fazia carinho toda hora e não via a hora de ele mexer pra mim. Alex também conversava bastante com minha barriga, passava quase horas falando "Tio Alex" porque pra ele, a primeira coisa que o bebê ia falar era isso.
Eu estava sendo muito mimada pela as meninas, toda semana a mãe de Lya mandava alguma roupinha e Naty todo dia aparecia com um presente para o bebê. Victor tinha me dado o berço, mesmo negando e falando que não precisava ele insistiu e comprou, só estava esperando entregar.
Eu tinha as melhores pessoas ao meu lado.
No colégio tudo estava como os conformes, assim que voltei as fofoquinhas começaram mas foram algo de dias, logo sessou. Não dei confiança, deixei falarem e pensarem o que quiserem, eu que não iria bater palma para maluco dançar. Não me importava com o que esse povo achava, eu tinha mais o que fazer e a única coisa que eu me importava era meu filho.
Nada mais e nada a menos do que isso.
Estava em uma lanchonete perto do colégio com Lya, saímos e viemos direto tomar um açaí porque ultimamente o calor estava de fritar um. Fazia um tempo também que eu não tinha momentos comuns assim, era só trabalho e colégio.
— Então você acha que ele estranho com você? — ela me olhou com cara de tédio — e você diz que não gosta dele?
— Sim — enfiei a colher na boca e assenti.
— Manuela, vem cá — disse baixo, inclinou o corpo e ficou próxima a mim — você acha que eu sou idiota? — disse alto. A lanchonete inteira olhou me matando de vergonha.
— Não precisa gritar, sua peste — disse entre dentes.
— Assume logo que você gosta dele, mona — bufou — antes que seja tarde demais.
Dei ombros e fitei o copo de açaí por um tempo. Diego ultimamente estava estranho, não sabia porque mas sentia que ele estava mais fechado que ao normal. Também não entendia o porque de eu estar me importando com isso, ele tinha a vida dele e eu a minha, não tinha o porque de me preocupar com isso mas as vezes era inevitável.
No fundo eu sabia que Lya tinha razão, eu sentia uma coisa estranha quando estava com Diego, me sentia bem perto dele e isso vinha aumentando mais a cada dia. Era um sentimento diferente, bom e que as vezes eu fingia que era fome, só para não ter que encarar a verdade.
E tô errada? Não.
Daqui eu iria direto para o Diego, ia almoçar lá e depois ir para o serviço. Eu e Lya conversamos sobre mais algumas coisas e depois fomos embora. Peguei o ônibus no ponto, como de costume fui escutando música o caminho todo, eu ultimamente estava com o gosto mais romântico, mais meloso.
Não estava me entendendo, amava pensar que eram apenas hormônios da gravidez.
Peguei um trânsito horrível no caminho, cheguei no prédio de Diego eram uma e trinta e três da tarde, cumprimentei o porteiro com um sorriso e fui em direção ao elevador. Apertei o número do andar, esperei chegar no mesmo e antes de virar a maçaneta desconectei o fone o guardei no bolso de frente da mochila.
Do prédio de Diego vinha um falatório incomum, franzi a testa e encostei a orelha na porta pra escutar melhor. Era uma voz grossa, não conseguia entender muito bem do que se tratava e sem querer esbarrei na maçaneta, fazendo abrir a porta e quase me estabacar no chão.
Um homem que aparentava estar na casa dos sessenta, vestido numa calça básica slim, uma blusa social azul clara e nos pés um sapatênis me olhou imediatamente, seus olhos eram verdes, cabelos grisalhos e a barba por fazer. Não fazia a mínima ideia de quem ele era, eu estava morta de vergonha, abria a boca várias vezes e não saia nada.
Nem pra ser fofoqueira eu prestava.
Diego me olhava com cara de espanto, ele tinha ficado branco de uma hora para outra e parecia que estava vendo um fantasma na sua frente.
— Ma-manuela — gaguejou — o que você está fazendo aqui? — veio em minha direção.
— Pensei que seria o almoço que você tinha fal..
— Manuela, olha pra mim — Diego ficou de frente pra mim e segurou firma no meu ombro — eu preciso que você vá pra casa, depois eu te explico tudo mas agora vai pra casa.
— T-ta bom, eu vou — balancei a cabeça — espera aí, aquele é seu pai? — sussurrei e ele assentiu — o que ele está fazendo aqui?
— Vai pra casa — disse separadamente e eu assenti.
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